Quando for para a universidade, vou viver debaixo da ponte?
- Soraia Oliveira

- 26 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de out. de 2023
Não vais, embora todos saibamos que a problemática da especulação imobiliária nas grandes cidades, principalmente nas que se destacam pelo seu movimento estudantil, necessita de ser resolvida. De acordo com recentes dados divulgados pelo FMI, Portugal foi mesmo um dos países onde as rendas mais subiram até 2018, especialmente na cidade de Lisboa.

É do conhecimento geral que, nas metrópoles, os preços das casas atingem valores exorbitantes, mas o problema agrava-se quando simples quartos com menos de 10 metros quadrados e, muitas vezes, sem reunirem as condições mínimas de conforto, custam metade do ordenado mínimo nacional. Nenhum estudante com dois encarregados de educação com orçamentos desta ordem consegue ter uma vida estável, que contribua para o seu sucesso académico e estabilidade psicológica, com tanta pressão e dificuldades em cima. Um jovem de dezoito anos tem de se preocupar com a renda, contas, alimentação e gastos educacionais, para além das preocupações académicas óbvias.
Acontece que a especulação está cada vez mais a expandir-se ao resto das cidades. Coimbra é um exemplo. Conhecida como a “cidade dos estudantes”, seria normal haver alojamento acessível disponível para os mesmos. No entanto, tal não acontece. Em Coimbra, um quarto com condições ronda os duzentos euros, cerca de um terço do ordenado mínimo. Mas o problema não se cinge apenas ao continente. Este estende-se às ilhas, destacando-se os Açores, com preços semelhantes aos da cidade estudantil supramencionada.

Este fenómeno tem servido de barreira a muitos estudantes que desejam ingressar no ensino superior. E não se trata apenas dos preços elevados, mas também da relação preço-qualidade, que fica muito aquém do esperado. Basta uma rápida pesquisa na internet para perceber o mercado. Arrendam-se quartos com condições promíscuas, que não respeitam requisitos básicos habitacionais. O abuso psicológico e a pressão exercida para que os jovens arranjem um sítio para viver o mais rápido possível, acaba por deixá-los à mercê do capitalismo e sob contratos com casas que não são, de todo, adequadas para um estudante.
Apesar de existirem bolsas de estudo que apoiam os estudantes mais necessitados, muitas vezes estas mostram-se insuficientes, pois acabam por cobrir apenas as propinas, deixando de parte as restantes despesas. Já para não falar do tempo que a bolsa demora a chegar, na prática, aos estudantes, deixando-os à deriva durante quase um semestre inteiro.
Outro problema que acresce e que é característico de grandes cidades, destacando-se o Porto e Lisboa, é o excesso de população, que não permite a construção de residências universitárias perto das instituições. Estas apresentam um número deficitário no que toca à proporção de estudantes. No entanto, destacamos que, se fores bolseiro, a probabilidade de ficares numa residência da faculdade é maior, visto existir prioridade para alunos carenciados.

Para finalizar, de acordo com a Constituição, consta no artigo número 65 que “todo o cidadão tem direito a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar” e tal não está garantido. É necessário que o Estado intervenha, pois possui esse poder: "O Estado e as autarquias locais exercerão efetivo controlo do parque imobiliário, procederão à necessária nacionalização ou municipalização dos solos urbanos e definirão o respetivo direito de utilização”; e não só no caso particular dos estudantes, mas também no da generalidade da população, de forma a combater as injustiças e desigualdades sociais. É urgente garantir que este direito seja respeitado e, acima de tudo, contribuir para o sucesso dos jovens estudantes portugueses.
No entanto, se procuras uma solução mais económica em relação aos preços de casas praticados nas grandes cidades, existem outras opções:
quartos em casa de idosos, geralmente mais baratos e nos quais ajudas os arrendatários no que eles necessitarem;
residências privadas, como a Livensa Living e a Collegiate, por exemplo.
Para mais informações, não hesites em mandar-nos mensagem!










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